A gata Mel é uma gata doce! É meiga, lânguida e sedutora, como só um gato pode ser (lembram-se do "fazer olhinhos" do Gato das Botas? Infalível...). E tem uma história. Veio das traseiras do prédio, do seio de uma ninhada frenética, constituída por seis gatinhos. A mãe lá os conduzia pelas varandas, num tour gastronómico, e, desta forma, ía assegurando o bem estar dos filhotes. Uma boa mãe, mas um péssimo feitio! Nunca conheci uma gata (ou gato) tão arisca, assanhada, "esgatanhada"! Ficou, por isso, com o nome de Antipática.
Uma manhã, a Mel entrou cá em casa sem que tenhamos dado conta. Até que soltou um miar sumido. Aquela criatura pequenina, completamente indefesa, a olhar-nos. Quando nos apercebemos de um terrível ferimento que tinha no maxilar. Foi levada ao consultório veterinário mais próximo, cuja veterinária ficou sem saber como lidar com aquele ferimento: o maxilar da Mel, então ainda sem nome, completamente desfeito, descarnado. Era visível o osso, e, no geral, encontrava-se debilitada, desidratada, muito possivelmente por não se encontrar capaz de se alimentar. Recorremos a um segundo consultório, por indicação da veterinária, melhor preparado para acidentados. Foi feita uma limpeza cirúrgica, e prescrito o tratamento diário: limpeza da zona a tratar, duas vezes por dia, com Betadine, e aplicação de pomada antibiótica.
"Esperemos que a carne cresça.". Foram as palavras da Drª. Ficou com ficha documentada com fotografias do ferimento, para ser feito um seguimento do processo de cura.
Foi em 2007, Novembro. E ficou connosco, desde então. A partir do momento em que nos entrou em casa, não demonstrou, nunca, vontade de regressar à rua, e nem mesmo a presença dos seus irmãos e mãe (a Antipática) na varanda, lhe servia de apelo. A carne do maxilar cresceu. Ficou com o queixo ligeiramente deformado, mas nada de muito perceptível (e mesmo que assim o fôsse...). A sequela mais evidente do ferimento é a sua mais carismática característica: a língua sempre de fora (tem falta de um dos cantos da mesma). Falta-lhe um dentinho, e nunca cresceu muito.
É verdadeiramente bonita, a gata Mel! É comilona, gulosa, dorminhoca - qual o gato que não o é? Dormem, em média, dezasseis horas diárias!). E continua a fazer aquele "fazer olhinhos" à Gato das Botas...!
Obrigada! Até já!
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